Introdução
O presente trabalho tem como tema: Instituições políticas das civilizações Antigas da África Subsaariana
até século X.
O seu aspecto de
estudo: Instituições políticas das
civilizações Antigas da África Subsaariana até século X: caso de Ghana, Mali e
Shonghay
Problema
de estudo: até que ponto as Instituições
políticas das civilizações Antigas da África Subsaariana até século X: caso de
Ghana, Mali e Shonghay contribuíram para a fortificação dos estados?
Hipótese: provavelmente as Instituições políticas das
civilizações Antigas da África Subsaariana até século X: caso de Ghana, Mali e
Shonghay tenham contribuíram para a manutenção e fortificação dos estados
africanos.
Objectivo
geral: Analisar as Instituições
políticas das civilizações Antigas da África Subsaariana até século X: caso de
Ghana, Mali e Shonghay
Objectivos específicos:
- Contextualizar as Instituições políticas
em África
- Caracterizar as Instituições políticas
das civilizações Antigas da África Ocidental
- Explicar
o papel das instituições políticas do Ghana, Mali e Shonghay.
Metodologia: sendo um trabalho de pesquisa bibliográfica, a sua
elaboração esteve assente em três fases: recolha de bibliografia relacionada
com o tema, o seu tratamento que culminou com a redacção final do presente
trabalho.
Modestamente, esperamos que este, trabalho, seja um
contributo para os futuros professores nos debates em seminários para os estudantes
a reflexão sobre a Ideologia e o
Papel da Religião Tradicional em África e em Moçambique.
O método usado foi o qualitativo, justifica-se pelo facto de ser
apropriado para colher dados, que permitem apreender a essência do fenómeno em
estudo.
O trabalho esta dividido da seguinte forma: Introdução,
desenvolvimento, conclusão e a bibliografia Geral.
Contextualização
das Instituições políticas em África
Segundo Gentil (1999:18) são várias as formas de estados
que encontramos em África nas diversas épocas pré-coloniais. No texo, são
chamados de “estdos” as sociedades pré-coloniais em que se possa fazer uma
clara distinção de funções e que haja uma autoridade centralizada, de onde a
presença de chefes traduzidos por reis, imperadores, soberanos, califados, e
outros que exercem autoridade política ao nível da linhagem ou clãs que não
sejam seus ou afiliados e onde tenham havido sistemas administrativos e
instituições que aplicavam uma justiça consuetudinária formalizada.
Nem todas as tribos, identificadas genericamente como tal
viajantes, missionários ou, mais tarde, administradores coloniais, são
traduzíveis em Estados pois, em muitos casos, não eram dotadas de sistemas
centralizados e o poder permanecia segmentaria ou dependia dos sistemas de
descendência de cada um dos sistemas que as compunha. Os sistemas políticos
sobre os quais reinam chefes mas que não atingiram a complexidade e a centralização
de estados propriamente ditos, reinos ou impérios, serão foram indicados pelo
termo principados, termo que traduz, mesmo que de forma imperfeita (Ibid.,
p.18).
Grande parte da historia de África, em cada época, é a
história da formação e dissolução dos estados e principados, mesmo sendo
notáveis os números e a extensão das populações, as vezes com uma importância
demográfica, que atravessavam os séculos sem que tenham tido organizações de
Estados ou sido incorporados em estruturas baseadas no pagamento do tributo. Assim,
encontramos ao longo dos séculos uma sucessão de diversos estados e sociedades
se dizem sem estado ou acéfalas ou descentralizadas, sociedade em que o poder é
autoridade são geridos por sistemas descendência ou de alianças territoriais.
Para as muitas formações politicas em que o poder encontrava nas mãos de um
soberano, chefe de um aparelho de governo e administrativo articulado e
importante, cuja autoridade poderia ser exercida sobre sociedade de dimensões
muito diferentes que tinham poucas centenas a muitos milhares de indivíduos
(Ibid., p.18).
No seio de cada cultura, as instituições políticas
apresentam elementos de um padrão comum, por exemplo, nos rituais das realezas,
nos sistemas de títulos nobiliárquicos, e religiosos. A diferenciar estes
sistemas estarão não só as estratégias dos diversos monarcas ou chefes que
reagem a acontecimentos históricos, as exigências comerciais, á descoberta e
valorização, por exemplo, de recursos minerais, mas também a qualidade
diferente da transformação.
Para Gentil (1999:20) Em quase todos os estados africanos
existem primeiro a constituição e consolidação de um núcleo central do qual
parte a expansão ou a conquista sobre as populações, principados, estados
vizinhos, com uma adaptação das formas de governo e mesmo das expressões
culturais hegemónicas as populações que eram submetidas. Admissão da submissão
eram assim diferentes conforme a vizinhança ou a importância económica ou
estratégica das terras e populações conquistadas. As estruturas administrativas
dos Estados e reinos raramente eram uniformes: diferiam de acordo com a forca e
o significado das tradições locais, da forma da sua incorporação, do interesse
económico e estratégico para o centro.
Caracterizar as Instituições políticas das civilizações
Antigas da África Ocidental
2.1. Origem do Ghana
Segundo
O Ghana é o primeiro estado da África ocidental conhecido
na história. Os autores árabes do século VII chamavam-lhes o “ país do ouro”. É
com efeito o comércio de ouro, organizados pelas caravanas, transarianas, com
os países islâmicos do Magrebe, que explica a formação e desenvolvimento deste
primeiro Estado(p.194).
O reino de Ghana ocupava a religião situada entre o
Senegal e Níger, na origem era apenas uma confederação de tribos pertencendo ao
grupo étnico dos Sarakolé. Essas tribos dividiam-se num certo número de clãs
que por vezes tinham funções especializadas, correspondentes á divisão do
trabalho: assim os Kandé eram ferreiros, os Cissé eram o clã real (p.194).
2.2.
Organização Social do Ghana
No clã cada grande família vivia independente sob a
autoridade de um patriarca. Alguns destes patriarcas podiam exercer funções
especializadas:
v
Chefe das terras: Encarregado de repartir as terras e responsáveis para
garantir os bons resultados da cultura e responsável pelas cerimónias
religiosas indispensáveis para garantir os bons resultados da cultura;
v
Chefe da Guerra: como por exemplo o chefe do clã Cissé que era chefe de
guerra e ainda” chefe do ouros”, repartindo entre as famílias os lugares
auríferos a serem explorados na estacão seca e encarregando-se das cerimonias
religiosas que “ afastavam os males ligados á exploração do ouro. Eram
reservadas as pepitas de ouro para o chefe, que, além disso, ainda recebia um
imposto sobre o ouro em pó. Controlando esta riqueza, o chefe década clã dos
Cissé tornou-se em consequência rei do Sara-kolé unificando o território sobre
seu poder. A este território de Uagadu e à sua capital Kumbi-Saleh foi dado
pelos Árabes o nome de Ghana (p.194).
2.3. Instituições
políticas no estado de Ghana
Ki-zerbo (1972:137) diz que prosperidade e a segurança do
Ghana impressionavam os viajantes árabes a maior parte dos quais haviam,
visitado as cidades do Magreb e da Espanha. O alto conselho dos reis
compreendia altos dirigentes, alguns dos quais eram antigos escravos e
muçulmanos. Os filhos dos reis vencidos, quadrados na corte como reféns, eram
também associados ao governo. A linhagem do povo de Ghana, pertenciam a
linhagem matrilinear, de inicio, a prática corrente dos povos negros-africanos,
prática essa ligada ao seu carácter agrícola e sedentário. O imperador era
animista, assim como a maior parte dos seus súbditos, o principal culto era o
da deus-serpente do Uadu. O imperar manifestava uma tolerância perante aos
muçulmanos, pois os interesses, o tesouro e a maioria dos ministros eram
escolhidos entre eles, por causa da sua competência técnica.
Quando morria o soberano, construía-se uma espécie de
cúpula em madeira, na qual se colocava o corpo, num estado guarnecidos de tapetes e de almofadas. Junto
do corpo estava junto ornamentos, armas do defunto, pratos, cabaças, e outras
praticas religiosas tradicionais animistas (Ibid).
Sengulane (2007:211) diz que os povos do Shael Ocidental
dedicavam-se a varias actividades económicas: agricultura, pastorícia, pesca,
artesanato e comércio (interno e a longa distancia). O desenvolvimento destas
actividades coincide com o aparecimento e evolução de três unidades políticas:
Ghana, Mali e Shonghay.
De acordo com Ki-zerbo (1972:14) afirma que no século
X-XI, actividade baseava-se na agricultura e na criação do gado. Atesta a
prosperidade da agricultura. A riqueza do estado, entretanto, provinha do
comércio do ouro, extraído das regiões de Galam, Bamruk e Buré trazido para o
circuito do comércio pelos wangara.
O ouro constituía a principal riqueza do Estado, razão
pela qual o soberano exercia uma espécie de monopólio, que consistia em apropriar-se
de todas as pepitas descobertas, a fim de restringir as quantidades de ouro em circulação
e evitar a desvalorização. A penas o ouro em pó circulava livremente.
Frequentemente, os mercadores vindo do Maghreb, para se subtraírem ao custo
elevado dos serviços intermediários Wangaras, procuravam, por si, as religiões
auríferas e trocavam directamente com produtos locais (ibid).
O núcleo central deste reino era a casa real com os seus
príncipes, dignatários, guarda real, pessoal doméstico e escravos. Alguns
muçulmanos e escravos libertos tinham funções importantes no Grande Conselho do
Rei. Era deste núcleo que se governava o território dos Sara-Kolé; entre os
camponeses recrutava-se o exército temporário (p.196).
A maioria da população era constituída por camponeses
vivendo em comunidades aldeãs, sujeitas ao pagamento de um tributo em géneros
(uma percentagem da colheitas).
Os rendimentos do rei eram constituídos esses tributos,
as pepitas comerciais. Permitiam-lhe alimentar e vestir a sua família extensa,
constituídos por parentes próximos e afastados e escravos. As funções
guerreiras e religiosas do rei lhe permitiam controlar a defesa e a segurança
do comércio e regulamentar a exploração do ouro, em seu proveito e do grupo
mais próximo.
Dai ter sido fácil ao rei do Ghana manter uma exploração
de todo o povo, em benefício de uma minoria privilegiada.
Para lá da região habitada pelos Sarakolé, o estado de
Ghana estendeu-se ainda ás zonas vizinhas de Tekrur, Ualata, Buré. Além de
cobrar impostos a estes povos, o Ghana mantinha nestas regiões um representante
que controlava e vigiava as autoridades locais, numa tentativa de
centralização.
2.4.
Marginalização do Ghana e os Almorávidas
Esta unidade politica não resistiu ao avanço almorávita
no século XI: estes pastores nómadas dominados pelo Ghana e sem participação no
comercio do ouro e do sal, chegando a Marrocos e a Espanha.
Ghana em seu poder e 1077; apesar de recobrar a liberdade
poucos anos depois, a sua grandeza passada não foi recuperada. A seu lado, nos
próprios locais auríferos habitados pelos Malinké, desenvolvia-se entretanto um
novo Estado: o Mali.
A tradição atribui o declínio do Ghana ao facto de a
região ter sido atiginda por um período de secas prolongado; além desta causa,
registou-se uma deslocarão das estradas do comércio trassariano; a insegurança
ligada ao avanço almorávida, levou, no século XII, a substituição das pistas
das caravanas que conduziam ao Ghana, por uma outra que conduzia a Tombuctu.
2.4.
Origem do Império Mali
Foi no Sudão Ocidental,
na região do Alto Senegal e Alto Níger, entre o povo Malinque (Mandinga ou
Mande), que teve origem um dos maiores Estados da Historia de Africa. O reino
de Mali.
Como as suas origens são
poucos conhecidas, é provável que numerosos pequenos grupos mandeus dominassem o
Alto Senegal e Alto Níger
Os Troares em Dakadyala,
na região de Kri, perto de Nyagassora, no alto Bakoy: os Konates em Fabu
no Dodugu, os Kamaras em sibi, no Siendugu e os Keitas em Nerena, no Dodugu e nos montes do Siendugu
e os Keitas em Nerena, no Dodugu e nos montes do Mandinga. Situados
entre Siguiri e Kita. Estes ultimo será o embrião do Mali (Kizerbo, 1972:163)
2.5. Formação e Evolução do Impero Mali
O Mali emerge nos montes
Mandinga, fundado pelos Malinkes e o crescimento destes povos vai dar a
hegemonia do principado do Soso um clã de ferreiro herdeiros do Gana.
No inicio do século XII
desencadeasse uma luta entre os Malinquea e o principado Soso, devido ao
imperialismo destes como os povos vizinhos incluindo os Malinques. “O Império
de Mali surgiu por volta do século XII fundado por Sundiata Keita, a pós a
conquista dos outros povos ou regiões
como Tekru, Djeliba, Rangoba, Bambuke, Bandu, e Nzane, ficou como
cidade capital, vai desenvolver a cultura de algodão, amendoim, papaia e a
criação do gado”.
Sundiata fixou os direitos e
os deveres de cada uma das etnias associadas. “foram constituídos 30 clãs,
cinco (5) dos quais de artesões; quatro (4) guerreiros cinco (5) marabus,
dezasseis (16) de homens livros, chamados no entanto, “escravos da
colectividade” tou dyon. Eram camponeses soldados que forneciam o dizimo humano
de guerreiros em caso de guerra.
As conquistas fizeram
proliferar rapidamente a categoria dos escravos, a maior parte dos quais, como
servos, artesões ou camponeses, trabalhavam para o soberano e estavam sujeito a
endogamia (Kizerbo, 1972:170).
Organização Politica do Império e Traços de Estado
Antes de nos referirmos
da estrutura u organização politica do Império de Mali, é importante
informar-nos da sequencia de soberanos ou mansas que administraram o Império. “Portanto
dentre eles destacara figura de Sundiata Keita até 1255, o filho de Sundiata
Keita o Mansa Ule (1255-1270) a fraqueza dos seus sucessores ensejou
a ascensao (1285) de um antigo escravo real, Sakura ou Sakurna,
ao poder que faz uma peregrinação a Meca tendo sido assassinado durante o
retorno”.
A dinastia Keita volta
então ao poder com Kankun Mussa (chamado tambem Kanjo ou Mansa Mussa)
filho de Abulakari II, sobrinho de Sundiata, depois da morte de Mausa Mussa em
1337 subiu ao trono seu filho Magan II que teve um breve reinado ate 1341.
Assume ao poder então o irmão de Kankan Mussa, Solimão, que reinou ate 1360;
com a sua morte o Mali entra em decadência.
2.6. Império Songhay
Enciclopédia Encarta
(2001) diz que o império de Songhay, império da África Ocidental, situado na
grande curva do rio Niger, que alcançou o apogeu durante os séculos XV e XVI.
Os songhay, povo pescador
e comerciante originário da região de Dendi, no noroeste da Nigéria, expandiram
seu domínio durante o século VIII d.C. e em 800 estavam estabelecidos em Gao,
que logo se tornou um florescente mercado. Durante alguns séculos dominaram os
Estados vizinhos menores, mas foram ofuscados pelo poderoso Império de Mali.
Kizerbo (1972:186). A
organização do Shonghay era mais elaborada ainda que a do Mali. A cabeça, o
imperador, que era mais elaborador, que no dia da sua entronização, recebe como
insignes um selo, uma espada e um alcorão. Conservava também os atributos
tradicionais herdados dos tempos passados (o tambor e o fogo sagrado).
Segulalane (2007) diz que
os soberanos de Gao dispunham de recursos permanentes, arrecadados de todo o império
e que eram geridos por um grande numero de funcionários administrativos,
dirigidos por um Kalissa farma. De entres os diversas fontes de renda imperial
existiam: os rendimentos das propriedade pessoal do soberano; Zakat, que era o
dizimo colectado para o sustento dos pobres; o imposto sobre as colheitas, o
gado e a pesca, pago em espécies; as taxas e os direitos alfandegários; sobre
actividade comercial; as contribuições extraordinárias arrecadados comerciantes
das grandes cidades e , principalmente, o butin de guerra.
As arrecadações eram
utilizadas para a manutenção da corte e do exercito; para a restauração de
mesquitas; para o sustento dos pobres; para as esmolas; e para os presentes a
serem oferecidos aos marabus
2.7.
Instituições políticas no estado
O império Songhay tinha
uma estrutura politica comparável as modernas estruturas de poder: no topo
estava o imperador(o Askia) que no acto do entrosamento, recebia um selo e uma
espada, e com símbolos tradicionais, o tambor e o fogo sagrado. A Seguir estava
um corpo de 700 homens que serviam directamente o imperador. A seguir estava um
nível com competência territorial e funcional (Koi ou Fari) similar ao actuais
ministros, constituído por: um Dendi Fari, que tinha a função de comunicar
directamente com o soberano; um Gurma fari que tinha a incumbência de controlar
a província que constituía celeiro do
império; Hi-koi, que era ministro das navegação fluvial;Fari mondyo, que era o
inspector geral dos colaboradores de imposto; Horé-farima, que era o ministro
encarregado dos brancos. Estes funcionários, poderiam ser nomeados ou demitidos
ao bel-prazer dos Askia. Depois deste nível estavam os militares dirigidos por
um Dynakoy; seguidamente os Fanfas, que constituíam os chefes das aldeias;
depois, os servos do império, dos senhores e dos Marabus; e finalmente os
escravos que estavam abaixo de toda hierarquia (cissoko, 1988,p.215-219)
Bibliografia
Enciclopédia Microsoft®
Encarta®. © 1993-2001
Microsoft Corporation.
GENTILI, Anna Maria. O
Leão e o Caçador: Uma história da África sub-saariana.
Maputo.
Arquivo Histórico de Moçambique.1999.426p.
KI-ZERBO, Joseph, História da África negra Vol. I. 3ª ed.
Lisboa: Publicações Europa-América 1999. 451p.
SENGULANE, Hipólito. Das primeiras Economias ao
Nascimento da Economia-Mundo, 2007.295p.
Enciclopédia Microsoft®
Encarta®. © 1993-2001 Microsoft Corporation
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