I. Sobre as Fontes da História de Moçambique
A maioria dos estudiosos da História de
Moçambique reconhece que a historiografia colonial deixou uma base fragilíssima
em termos de estruturas de fontes.
A documentação colonial é rica em descrições
de natureza etnográfica, memórias de viajantes e legislação colonial,
apresentando tendências para um registo fraco das lutas populares contra o
sistema colonial
A reconstituição de certos períodos da
História de Moçambique enferma muitas vezes de uma falta de informação escrita
fiável ou de fontes inacessíveis aos investigadores.
O período a seguir à Independência, assiste a
uma viragem quanto à sua historiografia, devido ao facto de uma geração de
estudiosos da História de Moçambique ter procurado romper com a historiografia
herdada do colonialismo, tentando fazer uma nova problematização.
Contudo, não nos podemos no entanto esquecer que, em qualquer época ou período histórico, a classe que está no poder
determina um certo tipo de produção histórica, manipulação para a qual os
investigadores sociais devem estar sempre atentos. Cruz e Silva, Teresa e José, Alexandrino. “História e a
problemática das fontes”, in JOSÉ. A. e MENEZES, Paula. Moçambique 16 anos
de Historiografia: Focus, problemas, Metodologia, Desafios para a década de 90.
Vol.1. Maputo:1991, pp. 17 -27
As Fontes
materiais ou Arqueológicas
As fontes
materiais ou arqueológicas são dominantes e importantes na reconstrução da
História de Moçambique, do período anterior ao séc. XV/XVI (migração Bantu e a início
da dominação europeia). Existe, também, alguma documentação escrita de origem
arabe-persa e Swahili que remonta ao séc. VI, com mais incidência no séc. IX,
período do desenvolvimento do comércio de ouro. Portanto, a investigação
arqueológica em Moçambique abarca o período que vai do sec. III-XV/XVI da n. e.
As Fontes
Escritas
As fontes
escritas sobre a história de Moçambique existem desde do séc. VI com a chegada
dos povos arabe-persas na costa moçambicana e dos europeus-portugueses, a
partir do sec. XV. Esta documentação é de natureza rara, mal distribuída por
períodos e por regiões. Portanto, entre o séc. VI e o séc. XV predomina a
documentação arabe-persa e Swahili. O período do sec. XV-XIX é dominado pela
documentação escrita europeia portuguesa. Do sec. XIX-XX há documentação escrita
europeia e africana. De recordar que as fontes do periodo de dominação europeia
são de natureza imperialista, mas entre os anos de 1950 e 1970, essas fontes
assumem características nacionalistas e revolucionarias na luta pela
independência de Moçambique.
De todas as
fontes, as arabes-persas são as mais importantes porque abarcam períodos muito
longos da Historia de África, no geral, e em particular, de Moçambique. Remontam
ao sec. VI com os escritos de : Masudi, Ibn Hawkwel, al Bakri, Al Idrisi,
Abulfeda,AI Omari, Ibn Batuta, Ibn Khald un, Al Hasan, etc.
As fontes
portuguesas são mais recentes. Encontra-se também a documentação da América
Latina (Brasil, Haiti, Cuba, etc.). Neste grupo incluem-se as fontes de origem
religiosa: católicas (Franciscanas e jesuítas), dos padres suíços e anglicanos.
II. Sobre
a Periodização da História Moçambique
A periodização é a divisão dos acontecimentos históricos em grandes épocas em que
se destacam as características principais que distinguem um período do outro
Os períodos da História de Moçambique são:
I.º Período – Das Origens até aos anos 200/300 (Comunidade Primitiva); II.º
Período – 200/300 – 800 (Moçambique e os povos Bantu); III.º Período
– de 800 a 1890 (Moçambique e a penetração mercantil asiática e europeia); IV.º
Período – de 1890 a 1962 (Moçambique e a agressão imperialista) e; V.º
Período – 1962 a 1975 (Luta de libertação nacional)
Sem comentários:
Enviar um comentário