terça-feira, 22 de agosto de 2017



Introdução

A presente reflexão, faz parte do módulo de História Comparada dos Blocos Regionais Africanos, o que enquadra-se na história Contemporânea da África. A mesma pretende fazer um estudo do período pré-colonial, período colonial e pós-colonial. Neste estudo não se pretende fazer um estudo generalizado dos blocos regionais ou seja da integração regional ao nível de África, mas sim analise do bloco regional da África Austral. 
A escolha deste tema tem a ver com a preocupação de tentar perceber esta questão da integração regional da África Austral, desde o pré-colonial, colonial e pós colonial. Uma outra razão para escolha do tema desta reflexão, esta relacionada com actualidade e a pertinência nos dias que hoje correm.
Por fim, uma fez que se abordou-se a questão dos blocos regionais africanos de modo geral, achamos oportuno fazermos menção a região Austral de África, região essa que o nosso pais esta inserido. Esta e outras razões foram as justificativas para a prossecução deste trabalho de pesquisa científica.
Ao fazer este estudo, temos como base três fazes ou períodos históricos: nomeadamente: período pré-colonial, período colonial e por fim o período pós-colonial.
Estes marcos temporais não são estáticos na medida em que ao nível das ciências sociais e em história em particular, há esta mobilidade de poder analisar períodos anteriores para perceber o presente e ter uma visão daquilo que provavelmente será o amanha.
Para a continuação do trabalho recorreu-se a um conjunto de obras que abordam o assunto ora em apreço como são o caso de:
Prada (1996) traz o historial da integração regional, onde chega a dizer que ao terminar a segunda guerra mundial, as dificuldades similares que atravessavam os países da Europa ocidental facilitaram a sua aproximação para resolver em comum os seus problemas. Suscitam-se então tentativas não apenas de cooperação, mas, ainda, de integração política económica. A ideia duma associação no terreno politico foi lançada pelo movimento Europeu, organismo fundado em Haia e presidido por Churchill, Blum, Spaak e De Gasperi, então chefes do governo da Grã Bretanha, Franca, Bélgica e Itália respectivamente. Numa conferência celebrada em 1948 foi proposta a criação da união Europeia sobre a base da duma assembleia consultiva, germe do fundo Parlamento da Europa, que prepara a unidade. Podemos chegar a conclusão que esta integração não tem nada a ver com a integração africana mas sim europeia. Numa abordagem diferente é trazida por Hobsbawn (2002) na obra “A Era dos Extremos: história breve do século XX - 1914 – 1991” onde faz menção a organização da SADC como uma comunidade para fazer face ao capital que era direccionado para a República da África do Sul. Perante esta situação os países limítrofes buscaram formas de se defenderem da agressão sul-africana do Apartheid. Uma outra abordagem não muito diferente a esta é apregoada por M’Bokolo (2007) na sua obra “África Negra: História e Civilizações do século XIX a nossos dias”, onde analisa a SADCC como uma organização que tinha princípios políticos e não económicos. A formação tinha em vista a sua defesa da economia do mercado, uma vez que, a maior parte dos países ao redor da então República do Apartheid seguiam uma economia centralizada e planificada.
A integração regional pressupõe a harmonização da política, cultura, ideologia, economias, da regionalização e sobre tudo da herança colonial entre os países pertencentes a SADC. A integração enquanto uma forma de ajustar as economias na actualidade, em relação a realidade local de cada país em primeiro lugar, e em relação ao mundo no contexto da globalização, por outro lado.
A pesquisa tem como base de estudo, procura perceber a Integração Regional na África Austral desde o período pré-colonial ate aos nossos dias. Os benefícios para cada pais, particularmente Moçambique no bloco regional, como forma de resolução dos problemas assimétricos dentro do seu território. Esta inquietação, está ligada a uma nova abordagem da organização regional que, está empenhada em deixar de ser uma organização política no processo de formação, para ser uma organização que, olha para outras dimensões por exemplo como a económica e social.
No que concerne ao objecto, a pesquisa versa sobre a Integração Regional da África. Face, a estas inquietações do projecto regional, o aspecto do trabalho incide sobre a Integração Regional da África Austral no período pré-colonial, colonial e pós-colonial.
O mesmo visa incrementar uma maior dinâmica entre os países que compõe este bloco regional em primeiro lugar, e depois na sua relação com os outros países e blocos a nível do continente e do mundo. Perante, a estas mudanças que vem ocorrendo a nível da região surgiu a seguinte questão: até que ponto a Integração Regional da África Austral contribuiu para o desenvolvimento dos países membros?
Neste cenário, aventa-se que provavelmente, a Integração Regional permiti um aumento de investimentos privados que contribuíram para o desenvolvimento de alguns sectores da economia e também permitiu maior fluxo de bens e serviços. 
Como forma de tornar o projecto mais perceptível, de forma geral, pretendesse compreender o contributo da Integração Regional da África Austral no período pré-colonial, colonial e pós-colonial.
Quanto aos objectivos específicos, avançamos com os seguintes:
·         Contextualizar o surgimento da integração de África;
·         Descrever o processo de integração regional ao nível da África Austral e;
·          Explicar o Contributo da Integração Regional da África Austral para os países membros
Opta-se pelo método indutivo ou seja parte de uma situacao do particular que é a Integracao regiao da Africa Austral, para perceber a integracao regioanal dos outros blocos regionais da africa no geral.  .
A metodologia para materialização do presente projecto cientifico baseou-se em três pressupostos básicos: Primeiro, consulta bibliografica,numa  segunda fase, fez-se algumas fichas de leitura e a analise dos dados colectados sobre a integracao regional da zona Austral de Africa e por fim  o  cruzamento de fontes e compilação do texto final.
A integração regional pode ser vista como uma forma de troca de valores. Mais ainda, ela significa uma interacção constante entre as pessoas que compram e vendem bens e serviços. Este constante contacto entre as pessoas que habitam a mesma região permite a aprendizagem mútua. Permite em última instância a valorização de outros saberes, a qual pode chamar-se de socialização ou seja aprendizagem.
A relevância do presente estudo, esta no facto de discutir no seio dos intelectuais e dos Mestrandos em Ciências Politicas e Estudos Africanos questões ligadas ao continente africano, sobretudo a zonal Austral de África onde esta inserido o nosso pais quistos sobre blocos regionais e o seu impacto para os países membros. Ainda o mesmo servira de avaliação final do Modulo.

Capitulo I

Contextualização da integração Regional de África

Antes de entrarmos na contextualização da integração Regional da África, apresentamos alguns conceitos do termo integração, para melhor percebermos a essência do trabalho. Este conceito não se trata de uma abordagem simplista mas uma problematização do termo, onde partimos de uma abordagem do geral para uma outra particular concretamente da integração regional em África na zona Austral de África.

1.1.Conceito de Integração Regional

Percebe-se a integrar no sentido de tornar inteiro algo novo, implica conhecer cada uma das partes para reconstruir enquanto um novo conhecimento. Para esclarecer esta ideia, Prado traz como exemplo, a informática na educação sendo vista como uma nova área de conhecimento, uma vez que a integração efectiva se desenvolve pela compreensão das especificidades de cada área do conhecimento envolvido[1].

Numa posição diferente desta, pode se perceber a integração como estabelecimento de formas comuns de vida, de aprendizagem e de trabalho entre pessoas deficientes e não deficientes. Integração significa ser participante, ser considerado, fazer parte de, ser levado a sério e ser encorajado. Esta posição é sustentada pelo Steinemann (1994:7) ao afirmar que a Integração requer a promoção das qualidades próprias do indivíduo, sem estigmatização e sem segregação. Para Francisco (1996: 8) em termos práticos, a regionalização é essencialmente vista como uma tentativa de resposta aos desequilíbrios e atrasos do desenvolvimento regional.

Para a Enciclopédia Mirador Internacional (1981:6160) vê o conceito da integração como sendo utilizando tanto para designar o processo pelo qual dois ou mais grupos étnicos em contactos tem modificadas as estruturas sociais por influências recíprocas dos diferentes valores e normas que as ordenam, mas também um dado estádio ao longo de tal processo.

Neste dois sentidos, com frequência o conceito é ligado ao de acumulação, principalmente pelos antropólogos que privilegiam a cultura como nível de análise: deflagrado o processo aculturativo, isto é, a transmissão de certos elementos da cultura material e não material de uma sociedade à outra, a integração resulta daquelas situações em que uma minoria étnica seria gradativamente absorvida pela sociedade inclusiva, redundando no abandono progressivo de sua cultura e consequentemente incorporação da cultura mais impositiva. (Ibid., p.6160).

Na perspectiva de Murapa (2002:2) diz que a integração é um movimento para estabelecer ligações entre e em meio a um grupo de países dentro de um determinado espaço geográfico, motivado pelos interesses comuns e compartilhados para cooperação nas áreas de comércio e outros sectores económicos, com vistas a alcançar uma zona de livre comércio e, subsequentemente, estabelecer uma união alfandegária.

Disto podemos concluir que a integração regional de facto vai ser a intersecção de elementos de uma cultura (Língua, dança, politica, social  e economia) em detrimento de outra, onde existe a aculturação e inculturação, onde há tendência da superioridade de uma. Na actualidade, sobre tudo na região em estudo tem haver com aspectos Político-económicos.










Capitulo II

Integração Regional da África Austral

Neste capitula, o estudo vai se centrar na abordagem da integração regional desde o período pré-colonial, colonial e até aos nossos dias.

2.1. A Integração Regional no Período Pré-colonial na África Austral

Segundo a UEM (2000:9) os primitivos habitantes da África Austral, no coabito geral foram os KHOISAN ou descendentes. Estes povos eram caçadores, reco1ectores e pescadores; tinham um modo de vida nómada. Os seus instrumentos de traba1ho eram muito primitivos; estavam organizados socialmente em bandos; O trabalho era dividido por sexo e idade e o produto final distribuído equitativamente para todos que tinham trabalhado. Eram pois sociedades sem exploração do homem pelo homem. Mas, por volta dos séculos II/III, povos provenientes da orla noroeste da Grande Floresta Equatorial, em vagas sucessivas, chegam à região austral de África - os povos Bantu. Sobre a expansão Bantu, existem, até hoje, algumas controvérsias. Presume-se que o alargamento do deserto do Saara, o aumento populacional na orla noroeste da floresta equatorial, a falta de terras cultiváveis e a difusão da tecnologia do ferro e das práticas agro-pastoris estariam na origem da referida expansão. Do exposto, conclui-se que os que defendem a teoria linguista concordam que o centro da expansão bantu, o núcleo proto-bantu, estaria na orla noroeste da floresta equatorial e que em vagas sucessivas teriam chegado à África Austral.
A expansão bantu estaria ligada a domesticação das plantas e animais, a cerâmica e ao trabalho do ferro. O desenvolvimento desta economia mista (agricultura, pastorícia e metalurgia), permitiu a sedentarização das populações, a especialização no trabalho e o surgimento da desigualdade social. Os bantu já dominavam a técnica da metalurgia do ferro. Como esta técnica chegou a África Austral. (Ibid., p.12)
Segulane (2007:246) das civilizações da África Austral do período entre o ano 1100, antes da chegada dos europeus, e 1500, depois da chegada destes, destacaram-se as que se desenvolveram na região da savana arborizada, situada entre os rios limpopo e Zimbabwe, e ao Norte desta ultima corrente de agua.
Esta região foi habitada, desde os finais do Neolitico, por grupos de caçadores e recolectores que viviam em cavernas ou em pequenos acamamentos de céu aberto.
Para Denoon (2010:828) entre 1500 e 1800, grande parte da África Austral transformouse. Novas comunidades estabeleceram-se se na região e numerosas outras que já se tinham instalado mudaram seu modo de vida, seu modo de vida, sua localização, ou ambas. As relações, por sua vez, tanto no seio dessas comunidades como entre elas, tomaram um aspecto radicalmente diferente daquele que existia antes. Muitas destas transformações fundamentais resultaram das mudanças ocorridas nas relações da África Austral com o exterior.
Wilson apud Denoon (1969) afirma que os khoi khoi, que criavam animais, pescavam e colhiam frutos da natureza ao longo da franja costeira meridional, quase não tinham contacto com o Norte. O mesmo acontecia com os san que praticavam a caça e a colecta no interior. As populações falantes das línguas nguni (vivendo sobretudo ao Leste da cadeia montanhosa que dividia em duas a região) não tinham, em 1500, senão escassos contactos com seus vizinhos do Norte. Na extremidade oeste da região (a atual Namíbia), os herero e os ovambo tinham estreitos laços linguísticos tanto entre eles como com seus vizinhos do Norte, enquanto os tswana e os sotho, que habitavam o Centro, tinham certamente relações comerciais ocasionais com o Norte. Contudo, quando o comércio existia, era de um volume reduzido, e das mercadorias que o constituíam (em especial o cobre, o ferro e o dagga) nenhuma era indispensável à sobrevivência dos povos envolvidos3. Ainda em 1500, relaciona nos com sociedades que são totalmente independentes.
Numa posição não muito diferente desta, Ki-Zerbo apud Clark na seguinte citação:

“Os dados fornecidos pelos estudos da pré-história na África austral mostram o importante papel desempenhado pelo alto planalto interior na evolução do homem como fabricante de utensílios. A crescente engenhosidade e eficiência com que as sucessivas populações de hominídeos desenvolveram padrões de comportamento e equipamento cultural que lhes permitiram explorar de modo cada vez mais intenso os recursos dos ecossistemas onde viviam, ajudam a explicar as diferenças étnicas e culturais que distinguem os povos autóctones do sul da África hoje (San, Khoi Khoi, BergDama, OvaTjimba, Twa e Bantu). Além disso, demonstram ainda a grande antiguidade e a continuidade de muitas características de comportamento que persistem até os dias de hoje” (2010: 589).

Disto podemos concluir que para além dos Koi, Koi, dos San e os bantus, ao nivel da região podemos encontrar outros povos como são o caso dos herero, Ovambo, tswana, Sotho, Griqua,Kora, Xhona, Tembu. Do resto do mundo: suas relações exteriores são esporádicas, ocasionais e secundárias. As frotas europeias, que deitavam âncoras eventualmente ao longo da costa para se abastecer água doce e de víveres, não deviam atentar para esta autarcia durante um século e mesmo depois.
Ao falar da integração na zona Austral de África, achamos ser importante realçar a integração ao nível regional mas também em relação a outros continentes como Ásia e Europa que estiveram em trocas comerciais com alguns africanos e depois a sua fixação.

2.2. Integração Regional de África Austral no Período Colonial

A descoberta do continente africano, foi iniciada no século XV pelos Portugueses e Espanhóis, depois juntaram-se outros países. As motivações para essa acção foram de vária ordem, onde podemos destacar algumas: desenvolvimento das forças produtivas na última fase da sociedade feudal na Europa, o incremento de actividades mercantil, a procura de novas rotas para chegar ao Oriente, curiosidade científica e o espírito de aventura dos exploradores europeus e sobre tudo os motivos económicos.
Ao falar da integração regional na zona Austral de África, em primeiro lugar é fundamental, termos como base a questão a geopolítica mundial. No tempo dos romanos, a colónia era uma exploração agrícola, uma propriedade rural. A palavra designou em seguida um estabelecimento agrícola ou comercial instalada num país estrangeiro. Em certas línguas a colonização conserva ainda o sentido de conquista de novas terras, com instalação de estabelecimentos agrícolas. Em vez de instalação de um grupo humano num novo território, a palavra significa hoje a ocupação de um território estrangeiro por um poder político-militar. O país conquistador chama-se metrópole e o país conquistado torna­se uma colónia. Se houve sempre colonização, estabelecimento de colonos em países estrangeiros para permitir o comércio, o facto colonial é um fenómeno moderno de iniciativa essencialmente europeia que se desenvolveu do século XV até cerca de meados do século XX.

Para Ajayi aput Denoon (2010:) diz que entre 1500 e 1800, grande parte da África Austral transformouse. Novas comunidades estabeleceramse na região e numerosas outras que já se tinham instalado mudaram seu modo de vida, seu modo de vida, sua localização, ou ambas. As relações, por sua vez, tanto no seio dessas comunidades como entre elas, tomaram um aspecto radicalmente diferente daquele que existia antes. Muitas destas transformações fundamentais resultaram das mudanças ocorridas nas relações da África Austral com o exterior. Quando o primeiro Europeu, Vasco da Gama, cruzou o Cabo da Boa Esperança em 1407, os laços que a África Austral mantinha com o resto do mundo eram extremamente ténues, mas, lá por 1800, a região estava inserida na densa rede mundial de relações comerciais e estratégicas. Cumpre, pois, lembrar a evolução da situação.
Para Ajayi apud  Walterstein (2010:38) a crescenta dizendo que na África Austral, a integração seguiu um processo diferente: de um lado, porque a região não exportava escravos, de outro, em razão do estabelecimento de uma colónia de brancos. Embora os bôeres estabelecidos no Cabo no século XVIII fossem europeus vivendo em uma colônia europeia, devemos considerar que poucos fizeram parte integrante da economiamundo. As modificações estruturais que seguiram às guerras napoleônicas foram, evidentemente, uma consequência regional da nova hegemonia adquirida pela GraBretanha na economiamundo. Mas este movimento político pode ser considerado como o prosseguimento lógico do lento processo de avanço e de expansão da economiamundo. Os britânicos consagraram pouco tempo à adaptação dos processos de produção que teria permitido uma rápida integração da região. Aumentaram consideravelmente o tráfico marítimo, enviaram novos colonos da GraBretanha e desenvolveram a criação em escala industrial de carneiro em tamanhas proporções que, por volta de 1845, a colônia do Cabo havia se tornado um importante centro de produção da economiamundo27. Mais tarde, o Natal se tornaria uma região produtora de açúcar, cujas plantações empregavam trabalhadores indianos engajados a longo prazo.
            Iliffe (1995:225) acrescenta dizendo que no inicio do século XIX, os povos africanos da zona Austral recorreram duas estratégias para tentar ultrapassar a segmentação e criar estados autónomos maiores. A mais drástica foi a dos povos de língua Nguni que ocuparam a zona abundante de Drakensberg e o mar o futuro território zulo. Vestígios mostram um aldeamento nesta região durante os séculos XVIII a XIX, onde a população aumentou, especialmente nas zonas ocidentais mais altas onde predominava a pastorícia. A genealogia sugere uma proliferação semelhante de pequenos reinos. Uma das razões que explica o aumento da população foi o aumento da cultura do milho e o elevado nível de precipitação. Desde o século XVI que os Nguni do

Norte negociavam com os europeus sobre a bacia de Lagoa, exportando marfim depois gado em troca, ao que parece de ferro e de cobre. (Ibid.,Isso contribuiu para certas linhagens expandirem os seus territórios e exercido a sua autoridade sobre os vizinhos mais fracos. Nas terras mais baixas no litoral, vários pequenos estados reforçaram a sua capacidade de defesa, substituindo a iniciação local jovens do sexo masculino por regimentos de homens mais velhos, no final do século XVIII. As rivalidades aumentaram quando a seca assolou a região (1800/3-1816/18). Os conflitos nos vales agravaram-se e culminaram com a guerra em 1817, onde o vencedor foi o Shaka, filho de um chefe menor dos Mthethwa, que integrou toda a região no seu reino zulo antes de ser assassinado em 1828. Depois de 1817, registaram-se conflitos entre os Nguni, a Norte onde destacam-se vários grupos a procurarem refúgio nas regiões setentrional e ocidental. Os Ngwane um numero considerado retiraram-se para o Norte, absorvendo outros Nguni e Soto e formaram o reino Suazi.   Um outro grupo Ndwandwe, liderado por Soshangane retirou-se para o Norte, para Moçambique , e funda o reino de Gaza.
   Contudo, a interacção foi complexa, sobretudo a oeste do lago Niassa, onde os Nguni criaram quatro pequenos reinos constituídos por Chewa povos vizinhos durante a década de 1890. os Chewa, sobre tudo os jovens admiravam as técnicas militares, danças e o vestuário Nguni.
Os Católicos começaram a penetrarem no interior do continente africano em 1852 e os presbíteros escoceses em 1875, estes missionários consideravam que os africanos tinham as melhores condições para adaptarem o cristianismo como parte de um pacote cultural mais amplo, que incluía a alfabetização, a tecnologia, o vestuário e as praticas sociais europeias, a par do abandono das crenças africanas. Os africanos esperavam que esta religião lhes trouxessem benefícios matérias como armas, bebidas, cavalos, e alianças políticas com os brancos. Este facto da hostilidade dos missionários para com os povos indígenas e as ligações obvias do cristianismo, encontramos os que aceitavam a religião e os que não aceitavam. Muitas vezes, as duas comunidades viviam separadas. Um valor especial para os que integravam a cultura branca. A primeira escola missionária de África abriu em Lovedale, na região do Cabo em 1841 (Ibid).

2.3. Integração Regional de África Austral no Período Pós-colonial

O surgimento da SADCC começa a notar-se na década 60 como alcance de independências dos primeiros países africanos da região, nomeadamente, Botswana, Lesoto, Suazilândia, Malawi, Tanzânia e Zâmbia, mais tarde com as independências de Moçambique e Angola na década de 1970, concretamente 1975. Mesmo assim, havia ainda alguns países que ainda não tinham alcançado a sua independência nomeadamente, a Namíbia e o Zimbabwe[2] Nesta perspectiva com vista a conquista das independências de outros países da região, os países da linha da frente, empreenderam esforços para a libertação dos povos irmão.
De acordo com Willerstein e Vieira (1992:8) em 1979, os ministros dos negócios estrangeiros dos países da linha da frente reuniram-se em Gaberone, em Botswana com vista a discutirem aspectos económicos que ditaram a conferência de Arusha (Tanzânia) no mesmo ano, do qual os governos apresentaram um plano regional de desenvolvimento económico na África Austral que abordava as primeiras politicas de cooperação e seus objectivos.
Para a Enciclopédia Encarta (2001) em Abril de 1980 na conferência de Lusaka, na Zâmbia, é fundada a SADCC (Southern Africa Development Coordination Conference, em português, Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), composta por nove (9) países da África Austral que afirmaram compromissos de envidar esforços no âmbito político com vista a seguirem politicas dirigidas a libertação económica e o desenvolvimento integrado das economias nacionais. A SADCC, através da Declaracao adoptou como programa de Acção para o desenvolvimento as areias da Agricultura, alimentação, indústria e energia, estabelecendo maior prioridade para areia de transporte e comunicação para a cooperação na SADCC.



A comunidade Para o Desenvolvimento da África Austral, foi fundada pelos seguintes países: Angola, Botswana, Lesoto, Malawi, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Moçambique e Zimbabwe[3].

Ø  . Factores Políticos
Independência de todos países africanos nas décadas da África Austral nas décadas 60-70, já havia uma visão de criar uma união transcontinental de Dar-es-salam a Maputo e de Oceano Indico até Luanda no Oceano Atlântico, representada por nações independentes e economicamente poderosas; os intensos laços de solidariedade entre os países com propósitos comuns e acções colectivas incitaram a unificação contra o colonialismo e o racismo[4]; a necessidade da união política dos estados vizinhos da África do sul para defesa contra o apartheid; a necessidade dos países da região de trabalharem conjuntamente para a sobrevivência política, para o desenvolvimento económico e para a busca do progresso social através do interesse comum.
Ø  Factores Socioeconómicos
Embora houvesse aspectos políticos importantes, a base teórica desta cooperação era predominantemente económica. Willerstein e Vieira (1992:6)
A necessidade de responder a integração económica do continente africano no geral como recomendação da OUA, através da criação de cooperação económica sub-regional dos países vizinhos com vista a criação de mercados modernos e internacionalmente competitivos; estrutura económica fraca e subdesenvolvida e a falta de capacidade de auto financiamento dos países membros, levaram a traçar parâmetros da cooperação económica; reduzir a forte dependência económica em geral em relação a África do Sul, sendo que era o país economicamente mais rico da região e por ter optado por um regime de separação racial condicionando assim a criação de novas relações socioeconómicas e politicas na região Willerstein e Vieira (1992:8)

Objectivos da SADCC

A comunidade de Desenvolvimento para o Desenvolvimento da África Austral é uma organização que foi criada com os seguintes objectivos: reduzir a dependência económica dos Estados-membros face a África do Sul do Apartheid; unir esforços na região para a promoção do desenvolvimento, económico, politico, cultural e desportivo de todos países membros; incrementar estratégias comuns de desenvolvimento e de aproximação de pessoas e bens entre os países membros e levar a cabo acções conducentes a desenvolver, no seio dos países membros, a luta pelo fim da pobreza.

Principais Realizações

A SADCC, era uma organização de cooperação entre Estados-membros, cujo principal objectivo era diminuir a sua dependência económica face a África do Sul sobre o regime do Apartheid. Esta organização, criou um programa de acção que cobriu as areias chaves: alimentação e agricultura; desenvolvimento dos recursos humanos; industria e energia e transporte e comunicações.
2.6. A  mudança da SADCC em SADC
Para Nhampule (2001:178) por um lado, no inicio dos anos 90, a África modificou-se e isso teve repercussão a nível mundial. Em 1990, a Namíbia conquistou a independência e deu-se a libertação de Nelson Mandela. O apartheid terminou em 1991 e em 1994 realizaram-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul. Por outro lado, os estados membros das SADC e seus vizinhos queriam tirar proveito dos benefícios das grandes economias de escala oferecidos por esta organização. Quando, em1991, a OUA criou a Comunidade Económica Africana, a SADC tornou-se uma das suas comunidades económicas regionais.
Willerstein e Vieira (1992:7) diz que na conferência de chefes de Estados e Governos da região Austral de África, realizada em Harare (Zimbabwe) em 1989, aspira-se a necessidade de se formalizar SADCC como um memorando de entendimento passando para o status de um acordo ou tratado. O tratado que afirma a fundação da SADC em substituição da SADCC e foi concretizada na conferencia de chefes de Estado e Governo celebrada em 17 de Agosto de 1992, em Windhoek na Namíbia. Actualmente a SADC congrega 14 países (Angola, África do Sul, Botswana, Republica democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe). Mudanças a partir de 1990 propiciaram a ocorrência de diversos acontecimentos de natureza política e económica que influenciaram muito no desenvolvimento da cooperação nas áreas traçadas como potencias. Algumas delas são as seguintes:

2.1. Politicas

Estabilidade política da região, consolidada pelos seguintes factores: independência da Namíbia, sendo o ultimo pais a alcançar a sua independência politica em 1990 na região; o estabelecimento da paz em Moçambique e as esperanças promissoras de paz em Angola, abrem uma oportunidade única para África Austral prosseguir com um desenvolvimento económico regional promissor. A introdução do sistema Multipartidário pela maioria dos membros e o fim do processo de transição para democracia da África do Sul, assim como o fim do regime do apartheid possibilitou adesão da África do sul á SADC, em 1994, ano em que a Namíbia também aderiu, e a evolução da organização tem necessidade consensual de adoptar novo modelo de crescimento orientado para o desenvolvimento; o Surgimento da África do Sul Democrata, embora não tenha aderido em 1992, a economia robusta da África do Sul catapultava ao desenvolvimento regional Willerstein e Vieira (1992:8)
A nova agenda politica Mundial, com o fim da guerra fria e assuntos internacionais, a confrontação e competição, o progresso económico e social a nível mundial baseava-se no desenvolvimento da ciência e tecnologia, nos elevados níveis de produtividade e recursos altamente qualificados (Ibid.p.8).

2.2. Socioeconómicos

A cuidadosa inclusão da África do Sul como um Estado-membro da SADC, beneficiara em grande escala na Comunidade, tendo em vista de expansão de mercado de oferta e procura de energia que passaria a existir na região embora tenha de haver cuidado no sentido de se evitar a dominação e a dependência das pequenas economias pelas grandes economias (Ibid.p.9).
A SADC continuava a enfrentar dificuldades de ordem económica, devido ao se pacto de defesa mutua, a realidade obrigava os estados membros a participar em grandes custos de operações de paz conjuntas que na segunda metade dos anos 1990 exigia o conflito do Congo (Ibid.p.9).


















Capitulo III

Contributo da Integração Regional da África Austral

Para Nhampule (2001:179) Os países membros desta comunidade tem um total de aproximadamente 210 milhões de pessoas e um PIB de cerca de 700 biliões de dólares, valor este que, embora não seja muito alto, já é muito significativo, especialmente levando-se em conta as economias dos países vizinhos. A região Austral de África enfrenta uma serie de problemas, desde dificuldades naturais como secas prolongadas, epidemias, tais como a malária e o HIV-SIDA, e a grande pobreza das populações locais.
Os grandes Objectivos da SADC são: promover o crescimento e desenvolvimento económico, aliviar a pobreza, aumentar a qualidade de vida do povo africano e prover auxilio aos mais desfavorecidos por meio de integração regional; Promover e desenvolver a paz e segurança; promover o desenvolvimento auto-sustentável por meio da interdependência colectiva dos estados membros; promover e maximizar a utilização efectiva de recursos da região; a tingir a utilização sustentável de recursos naturais e a protecção do meio Ambiente; reforçar e consolidar as finalidades culturais, históricas e sociais de longa data da região; evoluir valores políticos, sistemas e instituições comuns e reforçar e consolidar as afinidades culturais, históricas e sociais entre os povos da região (Ibid.p.179).
Para Guimarães (1996:13) a região Austral de África possui diversos importantes de cooperação que constituem a base de desenvolvimento cooperativo dos seus membros, nomeadamente: politica, diplomacia, relações internacionais, paz e segurança; Abundâncias de recursos naturais (petróleo, carvão, energia solar recursos hídricos etc); Vasta mão-de-obra; Potencial económico, social e politico para prática de negócios, investimentos racionais em termos de desenvolvimento de recursos; segurança alimentar, solo e agricultura, infra-estrutura e serviços ciências e tecnologia e recursos naturais e ambiente bem-estar informação e cultura.

3.1. Função e Perspectivas dos países na Região Austral de África

África do Sul: Financias e investimentos; Angola: Energia; Botswana: Investigação Agrária e produção animal e controle de doenças de animais; Lesoto: Conservação de agua e solo e utilização de terra e turismo; Malawi: Floresta e Fauna bravia; Maurícias: Função não estabelecida ainda; Moçambique: Transportes e Comunicação e Informação e Cultura; Namíbia: Pescas; Suazilândia: Recursos Humanos; Tanzânia: Industria e Comercio; Zâmbia: Recursos Minerais; Zimbabwe: Segurança Alimentar; Republica Democrática do Congo: Função não estabelecida ainda.
A SADC á conta com algumas realizações, justificam a necessidade de colaboração e união para obtenção da soberania nacional dos países membros pois a SADC teve um papel importante na história da descolonização dos países da África Austral fornecendo apoio directo aos movimentos de libertação, assim como na busca de paz para os países em conflito armado estabelecendo o espírito de paz e unidade (Ibid.p.15).
A intervenção militar no Burundi, em 2003 quando as forcas de paz na África do Sul e de Moçambique fizeram parte das forcas fiscalizadoras na implementação dos acordos de paz no conflito armado entre Burundi e Ruanda, também teve um papel muito importante na luta contra o apartheid na África do Sul que culminou com a democratização deste país. Para o alcance dos objectivos traçados para integração económica da região (Ibid).










Conclusão


Chegado a esta fase podemos perceber que a integração no continente africano, sempre existiu, desde a fase pré-colonial ate aos nossos dias. Mas as formas de conceber essa integração foram totalmente diferentes, tendo em conta a questão temporal. Dai que podemos afirmar que o processo de integração da África á um sistema histórico, particular, a economia, mundial. Assim, a partilha do continente constitui não o início, mas o resultado desse processo. O papel do comércio, em geral, e o tráfico de escravos, em particular, foram sobremaneira exagerado ou, sustentar, no mesmo espírito, que o desenvolvimento das culturas. Ainda no período colonial, podemos ter uma integração, por influência do colonizador e a outra com a iniciativa do próprio africano, isto é a integração nesta fase vai ser meramente política. Na fase pois colonial, particularmente da zona Austral, vai ser marcada pelo fim do sistema de segregação racial na África do sul e a integração dos pais, nas questões sociais, politicas, culturas, económicas e políticas.















Bibliografia

AJAYI. J. F. Ade. História geral da África, VI: África do século XIX à década de
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[1] Prado, M.E.B.B., 2005.
[2] Fonte internet
[3] Zimbabwe e Namíbia só obtiveram as suas independências na década 80 e 90 respectivamente.
[4] Sistema de segregação racial que vigorou na África do Sul, desde 1950 até 1991, que se baseava na separação territorial das raças negras, mestiças e branca e que a minoria branca tinha uma situação económica, politica, social e educativa privilegiada.

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