CADERNOS DE
HISTÓRIA NÚMERO 1
I. Noções sobre metodologia
1.1. Origem e Significado do
Termo História
O Termo História tem origem na
palavra grega historiê que significa investigação ou inquérito. Por
influência de Heródoto de Halicarnasso que deu o título de História ao
resultado das pesquisas sobre as guerras entre os gregos e os persas, o termo
História assumiu o sentido de busca do acontecimento das coisas humanas, de
saber histórico.
Actualmente, o
conceito História é usado em dois sentidos:
- História como Processo Real: é o conjunto de
acontecimentos sociais, económicos, políticos e culturais.
- História
como Conhecimento: constirui o conjunto das informações e ideias que se
formam através de estudo e da investigação.
A História pode
ser definida, também, com recurso a quatro conceitos fundamentais: ciência,
homem, espaço e tempo. Assim, a História é a ciência dos homens no tempo
e no espaço. Ciência porque tem o seu método, metodologia e seus
instrumentos de análise. Ciência dos homens porque tem como objecto de
estudo as realizações humanas na sociedade. No tempo e no espaço porque essas
realizações se manifestam dentro de um determinado espaço temporal e geográfico
bem definidos.
1.2. Fonte
Histórica
“Nós não podemos atingir o passado directamente, mas apenas através dos traços, inteligíveis para
nós, que ele deixou atrás de si, na medida em que esses traços subsistiram, em
que nós os encontramos, e em que formos capazes de os interpreter.(…)”. Estes traços são chamados fontes históricas ou documentos. Define-se,
também, a fonte histórica como “Toda a fonte de informação de que o espírito do historiador sabe tirar
qualquer coisa para o conhecimento do passado humano, visto sob o ângulo da
questão que lhe é posta”. As
fontes históricas “não existem segundo a vontade do historiador”.
1. 3. Objecto
de Estudo da História
É o homem na sua
relação com o meio geográfico, social e meio técnico que por ele foi criado.
1.4. Facto Histórico
É o produto da
relação que os homens estabelecem entre si dentro de determinado tempo e
espaço. É algo que marca profunda e qualitativamente uma determinada sociedade,
accelerando, mantendo ou até retardando o seu processo de desenvolvimento.
Outros conceitos
não menos importantes são:
- O
acontecimento – que é um
facto breve e preciso cujo conhecimento os contemporâneos o têm de imediato;
- A
conjuntura – que é o
conjunto de eventos interligados, ocorridos no tempo médio, sem carácter
repetitivo;
- A estrutura – que não é a soma das partes, mas é o conjunto de relações recíprocas que
integram as partes no todo; não é um estado mas um processo que dura
enquanto as forças de desestruturação não levam de vencida as forças de
estruturação.
- A
sincronia – é a investigação
num determinado tempo curto, transversal ou um corte.
- A
diacronia – implica a investigação de um tempo dado,
longitudinal.
1.5. A
Metodologia, em História, é “o caminho pelo qual se atinge a verdade
historica, a razão ou o raciocinio”.
A metodologia
consiste consiste em:
- 1°. Definir o
problema e;
- 2°. Reunir as
fontes, documentos úteis na formulação da resposta (designada de hipotese ou de
conclusão empirica do estudo) ao problema levantado.
1.5. Os
Métodos da História
Distinguem-se os
seguintes métodos usados pela História como ciência:
a) O Método
crítico ou crítica Histórica
b) A
Interdisciplinaridade
1.5.1. Método
Crítico ou Crítica Histórica
Graças ao
desenvolvimento de certas técnicas de investigação, tais como a paleografia,
diplomática, filologia, epigrafia, sigilografia, papirologia, numismática,
codicologia, onosmática, etc., foi aperfeiçoando-se. Este método consite em
duas operações: a Análise e a Síntese.
1.5.1.1. Operações da Análise
a) Heurística
b) Crítica Externa
c) Crítica Interna
c) Hermenêutica
-
A Heurística é a operação que consiste na
recolha das fontes de informação necessárias à Análise Histórica.
-
A Crítica
Externa (crítica de autenticidade) – destina-se a averiguar a autenticidade dos documentos
escritos, dirigindo-se aos aspectos materiais e formais do texto e compreende
duas operações:
·
A Crítica de Proveniência – quem redigiu o documento,
quando, onde, como foi redigido, que vias percorreu antes de chegar as nossas
mãos.
·
A Crítica de
Restituição –
restituição do documento à sua forma original, mediante a eliminação das
alterações voluntárias ou involuntárias introduzidas pelos copistas.
-
A Crítica
Interna (Crítica
de Credibilidade) – dirige-se ao conteúdo do texto e compreende as seguintes
operações:
·
Crítica de
Interpretação literária do texto – averiguação exacta do pensamento do autor.
·
Crítica de
Competência – averiguação
do grau de conhecimento que o autor tem do acontecimento relatado (se é testemunho
directo ou apenas um compilador usando outros testemunhos para construer a sua
versão).
·
Crítica de
intencionalidade ou de sinceridade – averiguação do grau de isenção do autor
·
Crítica de
exactidão – averiguação
do grau de exactidão ou de rigor do testemunho.
·
Crítica comparativa
– avaliação do
grau de credibilidade do testemunho mediante a comparação da sua informação com
a dos outros testemunhos.
-
A
Hermenêutica – Operação
de interpretação dos documentos para saber se a informação por eles contida responde
às questões inicialmente postas.
1.5.1.2. Operação da Síntese – Reconstitui e explica o passdo,
integrando o novo conhecimento no conjunto dos conhecimentos históricos já
conhecidos.
II. A Metadisciplinaridade/a
Interdisciplinaridade – é a relação que a História estabelece com as outras
ciências (Antropologia, Linguistica,
Geografia. Economia, etc.), tendo em vista a complementar o conhecimento sobre
o passado
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