OS REINOS AFRO-ISLAMICOS
Um dos resultados dos
contactos entre mercadores árabes e populações moçambicanas foi a islamização
progressiva destas comunidades principalmente no litoral onde surgiram, como
consequência, núcleos linguísticos a exemplo dos Mwani, Nahara e Koti e a
adopção por estes de modelos de organização social e políticas arabizados. Em
resultado disso, estruturam-se unidades políticas moçambicanas como os xeicados
e sultanatos.
No período do tráfico de
escravos estes reinos islamizados tomaram-se influentes na costa de Moçanibique
assegurando esse comércio, mesmo depois da sua abolição oficial. Entre eles
destacamos: o Sultanato de Angoxe, o Xeicado de Sancul, Quitangonha e o Xeicado
de Sangage.
1.1. Sultanato de Angoxe
Segundo se conta, a origem
deste Sultanato está ligada à fixação em Angoxe de refugiados de Quíloa já
estabelecidos em Quelimane e na Ilha de Moçambique. O primeiro Sultão de Angoxe
teria sido Xosa, filho de um tal Hassani que vivera em Quelimane por ter constatado
que Angoxe reunia melhores condições para o comércio. Com efeito, Angoxe ganhou
importância crescente quando a capital do Estado dos Muenemutapa mudou para
próximo do Zambeze e com a abertura de rotas comerciais seguindo os rios Mazoe
e Luenha.
Durante longos anos Sofala
havia sido o entreposto que controlava todo o comércio com hinterland. Porém, com a fixação portuguesa neste ponto, em 1505,
esta perdeu a sua importância à favor de Angoxe. Os árabes-swahili,
comerciantes de longa data nestas paragens, desviaram a rota do ouro para o seu
términus em Angoxe, donde continuavam a comerciar. Por este facto, Angoxe seria
atacada por portugueses em 1511, mas sem grandes resultados. Só com a fixação
gradual dos portugueses no vale do Zambeze, desde 1530 aliado a rivalidades
internas, é que Angoxe seria eliminada como escoador do ouro.
Os filhos de Xosa e sua
esposa macua Mwana Moapeta, deram origem a quatro linhagens angoxeanas:
Inhanandare, Inhamilala, Mbilizini e Inhaltide. - Recebiam colectivamente a designação
de Inhapaco, clã matrilinear de Mwana Moapeta.
A linhagem dominante era
inicialmente a do Inhandaare. Durante três gerações dominou esta região o
Sultão, sucedido por via paterna.
A situação mudou quando
morreu o quarto Sultão sem deixar filhos varões. Sucedeu-lhe uma irmã casada
com Milidi da linhagem de Inhamilala. Esta morreu sem deixar descendência, o
que provocou uma luta pelo poder entre os Inhamilala e os Inhailandar.
Derrotados os Inhanandare são expulsos de Angoxe.
Estes acontecimentos ocorridos
na segunda metade do século XVI, produziram enfraquecimento político de Angoxe,
o declíneo do comércio e facilitaram a dominação portuguesa.
1.2. Sheicado de Sancul
Formado no século XVI por
Imigrantes da Ilha de Moçambique experimentou maior estabilidade que o
anterior, devido à sucessão por alternância de linhagens.
A sua localização entre o
Lumbo e Mongicual com numerosos braços de mar de fácil acesso, permitia-lhe
grande intercâmbio comercial com o exterior. Mantendo uma lealdade à coroa portuguesa,
o Xeique de Sancul seria contudo assassinado em 1753 por um comandante
português, auxiliado por forças de Sancul e Quitangonha, numa campanha contra
chefes macuas que albergavam escravos fugidos dos comerciantes portugueses ou
que contrariavam os interesses deste.
1.3. Sheicado de Quitangonha
Tal como Sancul, este
Xeicado foi formado no século XVI por emigrantes da Ilha de Moçambique. Uma
aliança com os portugueses que perdurou até ao último quartel do século XVIII
permitiu o florescimento do comércio de escravos em Quitangonha. Mas, desde
1755 quando os dirigentes de Quitangonha começaram a negociar com traficantes,
o Xeicado adquiriu maior autonomia monopolizando o cómércio esclavagista na
zona norte entre a baía de Nacala e a de Conducia contrariando os interesses de
outros traficantes, incluindo os portugueses.
Baseado no seu poderio no
tráfico esclavagista, Quitangonha manteve a sua autonomia e resistiu à
dominação portuguesa até princípios do século XX. Destaque para Mahamud Amade.
1.4. Sheicado de Sangage
Nominalmente dependente do
Sultanato de Angoxe, estabeleceu a sua autonomia no primeiro quartel do século
XIX na base de alianças com a administração portuguesa, com dirigentes de
Sancul e com comerciantes baneanes da Ilha de Moçambique.
A sucessão, dos Xeiques de
Sangage era definida por via matrilinear o que garantia o estabelecimento de
fortes laços económicos e de parentesco entre um número reduzido de famílias do
Xeicado.
Graças ao apoio português
contra os seus vizinhos de Sancul e Angoxe, Sangage possuía uma certa
independência e prosperidade no comércio de escravos.
Mas, na primeira década do século XX, as terras do Xeicado foram
ocupadas por portugueses e transformadas num regulado, com um chefe colaborador
à testa.
a informacao foi bastante resumida
ResponderEliminara informacao foi bastante resumida
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